Governo do Distrito Federal
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16/04/25 às 10h58 - Atualizado em 16/04/25 às 10h58

Com apoio da Funap, reeducandas transformam vidas nos viveiros da Novacap

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Por Jak Spies, da Agência Brasília | Edição: Vinicius Nader

 

“Antigamente eu nem me importava muito com plantas. Hoje em dia eu já começo o dia doida para ir ao viveiro. Mexer com a terra se transforma em uma paz para a gente”, relata a reeducanda L.D., com brilho nos olhos. Ela faz parte de um grupo de cerca de 120 mulheres que atuam diariamente nos viveiros da Novacap, em uma iniciativa que só é possível graças à parceria com a Fundação de Amparo ao Trabalhador Preso (Funap/DF).

 

Os viveiros da Novacap são responsáveis pela produção de mudas de flores, herbáceas, arbustos e palmeiras que saem para os canteiros públicos do DF | Fotos: Matheus H. Souza/Agência Brasília

 

Desde 2017, a Funap coordena a participação de reeducandas no trabalho desenvolvido nos Viveiros I e II da Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap), responsáveis pela produção das plantas ornamentais que embelezam os canteiros e parques do Distrito Federal. A parceria promove a reinserção social e profissional dessas mulheres, oferecendo não apenas renda e remição de pena, mas principalmente dignidade, aprendizado e um novo propósito de vida.

 

“A educação é um dos caminhos mais potentes para a transformação social, e iniciativas como essa reafirmam o compromisso da Funap/DF com a dignidade e a reinserção de pessoas privadas de liberdade. Quando oferecemos oportunidades reais de aprendizado e profissionalização, não estamos apenas ensinando uma nova habilidade, estamos acendendo uma esperança de recomeço. A parceria com a Novacap mostra que a ressocialização é possível quando há acolhimento, confiança e propósito coletivo.” Dra. Deuselita Martins, Diretora-Executiva da Funap/DF

 

Nos 28 hectares do Viveiro I, localizado no Park Way, as reeducandas exercem tarefas que vão da limpeza e preparação da terra até a delicada técnica da repicagem de mudas. Muitas chegam sem qualquer experiência, mas com o apoio da equipe da Funap e da Novacap, aprendem, crescem e se redescobrem.

 

“São dias maravilhosos. Aqui é uma paz, me sinto muito bem. É gratificante ver o crescimento dessas plantas. Aprendi tudo aqui, mesmo sem ter ensino médio ou faculdade. Esse trabalho mudou a minha vida, meu modo de pensar e até meu jeito de conversar”, conta L.D., emocionada.

 

Além do suporte técnico, as trabalhadoras recebem Bolsa Ressocialização, auxílio transporte e alimentação. E a cada três dias trabalhados, ganham um dia de remição da pena. O impacto é profundo e positivo, como destaca F.M.L., outra participante: “Amo o meu trabalho. É terapêutico. Hoje consigo pagar minhas contas, ter uma vida digna. No crime eu não tinha nada, só má-fama. E isso tudo mudou.” 

 

Canteiros que cultivam esperança

Os viveiros da Novacap, ligados ao Departamento de Parques e Jardins, são responsáveis por todo o paisagismo do DF. O Viveiro I, por exemplo, produz cerca de 100 mil mudas por semana, entre arbustos, flores, palmeiras e folhagens. Já o Viveiro II, criado em 1971, produz até 300 mil mudas de árvores nativas por ano, como ipês, quaresmeiras e copaíbas.

Só em 2024, mais de 2,4 milhões de mudas foram cultivadas com o envolvimento direto das reeducandas. O Distrito Federal abriga mais de 5,5 milhões de árvores, distribuídas em 583 canteiros ornamentais, e o cuidado com esse patrimônio natural passa pelas mãos de mulheres que estão reconstruindo suas histórias com o apoio da Funap.

 

Um trabalho de todos

Janaína Gonzales, chefe dos viveiros, destaca que o projeto é inclusivo: “A maioria chega sem experiência com plantas. Aqui, todas têm oportunidade. Ensinar é parte do processo, mas o mais importante é ver a transformação na vida delas e na cidade”.

 

O projeto também acolhe outros perfis. É o caso de José Edson Vieira da Silva, 54 anos, deficiente visual que atua na reciclagem do Viveiro I. “É gratificante mexer com a terra. O ambiente é tranquilo, a gente se sente útil”, relata.

 

José Edson da Silva celebra: “É possível escutar os passarinhos e respirar um ar mais puro“

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